QUERO AVISAR
Esta postagem NÃO é publicitária. É apenas uma curiosidade.
Eu não sei se alguém de vocês já se perguntou isso, mas sempre que eu vou no mercado, costumo olhar para o sabão em pó OMO e fico me perguntando: Que diabos será que significa “OMO”?
Durante algum tempo, eu pensei que Omo fosse as iniciais do cara que inventou o sabão. Então, resolvi pesquisar a origem do nome do sabão em pó. Segundo a Wikipedia, a marca Omo é o sabão em pó mais antigo do Brasil. A wikipedia está errada. O primeiro sabão em pó nacional foi o sabão Rinso, que anunciava na Tv no ano de 1953. Só que nesta época, no Brasil, quase ninguém tinha maquina de lavar. O Rinso não pegou. O tal Omo só veio desembarcar aqui trazido pela Unilever quatro anos depois. O sabão em pó Omo já existia na Inglaterra desde 1940.
E finalmente, descobri o que quer dizer Omo: O OMO era conhecido como a “Velha Mamãe Coruja”, originalmente existia uma coruja em sua embalagem. Assim, OMO quer dizer “Old Mother Owl”.
Havia uma cabeça de coruja em sua embalagem original, sendo cada “O” um olho e o “M” central formava um tipo de bico estilizado.
Em busca de mais dados sobre o sabão em pó, eu descobri um sensacional trabalho sobre a identidade feminina estudada através das publicidades do sabão em pó. Deste rico material, eu consegui obter mais dados sobre o Omo e como ele conseguiu a façanha de ser o produto mais lembrado do Brasil. A pesquisa Top of Mind, realizada anualmente pelo jornal Folha de S.Paulo, consagrou Omo como a marca mais lembrada em seu segmento e em todas as categorias de produto, desde 1991. O Omo responde por cerca de 50% do mercado brasileiro de sabão em pó, estando presente em cerca de 32 milhões de domicílios no país que consomem mais de 365 milhões de embalagens. É interessante notar que a cor azul de OMO é uma referência direta ao azul do anil. Ocorre que antes da maquina de lavar, a mulher era obrigada a usar diferentes meios para clareara as roupas. O anil era um dos produtos mais vendidos para a operação de lavagem de roupas. Vendo que não seria fácil atingir este mercado, o Omo adaptou sua programação visual para ser mais facilmente aceito.
O texto mostra que os sabões em pó ao desembarcarem no Brasil encontraram grande dificuldade de “pegarem”, porque o consumidor, 99,9999999% mulheres, tinham nos anos 40, 50 até meados dos 60 uma idéia arraigada que sua função feminina era a de (a mulher ainda não participava ativamente do trabalho fora de casa) cuidar com carinho do lar. Assim, as mulheres daquela época se orgulhavam do que faziam. Lavar roupa era uma tarefa extenuante. Um único lençol molhado pesa 50 kg! Havia ainda uma cultura amplamente utilizada, talvez uma herança portuguesa de que as mulheres reinariam absolutas na cozinha e área de serviço. Quando uma máquina foi proposta para substituir-lhes esta tarefa, muitas mulheres recusaram-se peremptoriamente a aceitar a novidade, porque ela simplesmente destituía a mulher de sua única função clássica na casa. A maquina era vendida como um conforto moderno, mas operava no plano simbólico como uma ameaça grave a identidade e imaginário do papel feminino na família. O sabão Omo deslanchou de vez pegando uma carona no milagre econômico do pós guerra. O Omo não entrou em conflito com a estrutura imagética feminina vigente. Ao contrário, propôs um papel feminino alternativo como uma solução de modernidade, que em ressonância com a mudança cultural profunda e multi segmentar da sociedade moderna, funcionou como reflexo do que se esperava desta nova mulher. Estudar, trabalhar, ir a luta. Mas sem esquecer que o sabão em pó e a lavagem de roupas é sua função primordial. Para escapar ileso aos aspectos machistas da proposta, o Omo passou a adotar crianças em seus comerciais, explorando o viés emocional, ligando a preocupação da mulher moderna com sua família e estendendo-o ao cuidado com suas roupas.
A marca vende 1 milhão de embalagens de OMO por dia no Brasil e comercializa seus produtos em mais 28 países ao redor do mundo, com forte presença na Europa, América Latina e Ásia. O OMO é uma das marcas mais rentáveis e fortes da Unilever, faturando anualmente mais de US$ 2.5 bilhões.
Nada mal para uma velha mamãe coruja.
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